Sessão solene para o Movimento Negro Unificado (MNU) lota a Alerj, por iniciativa do deputado Prof.Josemar (PSOL)
Mais de 300 pessoas participaram na noite desta quinta-feira, dia 26, da entrega da Medalha Tiradentes ao Movimento Negro Unificado (MNU) em sessão solene na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
27 jun 2025, 20:04 Tempo de leitura: 6 minutos, 5 segundos
Mais de 300 pessoas participaram na noite desta quinta-feira, dia 26, da entrega da Medalha Tiradentes ao Movimento Negro Unificado (MNU) em sessão solene na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
A homenagem, com a entrega da maior honraria do estado, foi uma iniciativa do mandato do Professor Josemar (PSOL), que destacou a importância de reconhecer as entidades e cidadãos que dedicam suas vidas ao combate ao racismo e à luta por igualdade racial. Além da medalha para o MNU, foi entregue o diploma Marta Almeida, que homenageia Marta Carmelita Bezerra de Almeida, ativista do MNU e que morreu em 2023. Receberam a homenagem entidades e militantes. O deputado destacou o papel do MNU como uma importante organização na luta em defesa dos negros e negras desde junho de 1978.
“São anos de luta, buscando inserir o nosso povo negro nessa sociedade brasileira que é uma sociedade racista. Ainda hoje temos resquício da escravidão na nossa sociedade, como os tantos casos de violência policial que acomete os jovens negros nas periferias do Brasil a fora. Também precisamos falar sobre o racismo religioso que tem a sua face mais dura quando se trata das religiões de matriz africana. Lutar contra o racismo é um dos objetivos estratégicos do MNU, por isso me orgulha entregar aqui a maior honraria da Alerj, que é a Medalha Tiradentes”.
Uma das representantes do MNU na mesa principal da solenidade, a ativista e militante Adriana Odara destacou o momento positivo da solenidade.
“Para nós do Movimento Negro Unificado do Rio de Janeiro, é uma alegria estar recebendo essa homenagem nessa casa hoje. Vivemos momentos que a toda hora somos confrontados com o extermínio do Estado nas favelas e periferias. O desgoverno desse país apostou que eles iriam conseguir executar uma boa parte dos negros desse país, mas conseguimos resistir como seguimos resistindo durante toda história. Não aguentamos mais enterrar os corpos negros.”
Outra liderança, Márcia da Glória, do Instituto de Pesquisa de Culturas Negras (IPCN) lembrou o momento de surgimento do MNU:
“Considero o Movimento Negro um filho, pois foi dentro do Instituto que ele nasceu. Desejo vida longa ao MNU, uma vida longa de luta pois essa luta não para nunca, precisamos sempre manter a nossa memória viva. Sabemos das nossas origens, e o que tentam sempre tirar de nós é exatamente a nossa história, nosso pertencimento e as nossas origens. Luto pela reparação através da memória de quem veio bem antes de nós.”
Marcelo Dias, ex-deputado e criador da Comissão de Combate à Discriminação Racial, saudou o fato de a comissão voltar a ser presidida por um parlamentar negro e o significado.
“Criei esta Comissão de Combate a Discriminação Racial, me despedi desta casa em 1999 e desde então a comissão foi presidida por pessoas brancas. Até a chegada do Professor Josemar, que no dia da sua posse fez questão de me convidar para voltar a essa casa. Também aprovei o feriado estadual de Zumbi dos Palmares que agora é feriado nacional, agradeço a tantas pessoas que fazem parte desse movimento e quero saudar aqueles e aquelas que são a militância do nosso Movimento Negro Unificado.”
O deputado federal Tarcísio Motta (PSOL) se posicionou como uma pessoa branca aliada e aprendiz das pautas raciais.
“Não foi nas aulas de história da UFF que eu aprendi a importância do racismo estrutural na formação histórica brasileira, mesmo lendo livros, frequentando aulas e me informando. Não foi ali que eu aprendi mas sim estando ao lado de vocês, vendo e ouvindo a luta e esforço do movimento negro que eu pude aprender aquilo que me atravessava na formação como pessoa, cidadão e professor de história. Sou aprendiz no processo, mas me coloco como aliado, na luta por um mundo sem exploração e sem opressão, na luta contra o genocídio da juventude pobre e preta das periferias das favelas do Rio de Janeiro. A luta antiracista tem o protagonismo de negros e negras, mas que precisa e deve ser uma luta de todos.”
O coordenador do MNU, João Batista agradeceu a homenagem à entidade e apontou o racismo cotidiano do Estado, particularmente contra a população negra e jovem.:
“Lutamos pela proteção da vida dos nossos irmãos negros e negras, estamos na luta pelas favelas pelo povo pobre desse país. A todo momento tentam destruir a cultura negra desse país, como vimos com o samba, o funk e atualmente com o rap. Os nossos jovens estão sendo levados a acreditar que ficar em cima de uma motocicleta 14 horas por dia é ser um empreendedor, abandonam o caminho da educação porque é o peixe podre que estão vendendo para a nossa juventude, que eles ficarão milionários com essa realidade. Isso é um projeto racista e fatal para os jovens e o MNU vem na contramão disso para mostrar para os nossos jovens que eles podem e devem ser juízes, professores, médicos e engenheiros e mototaxistas se quiserem mas que existem outras oportunidades de vida e trabalho para eles.”
A entrega dos diplomas para mais de 130 pessoas do movimento negro unificado, foi separada por blocos entre autoridades, coordenação, Griôs, axé, cultura e militantes ativistas. Ao final da sessão solene, o deputado Professor Josemar entregou a Medalha Tiradentes a Marcelo Dias e o diploma Medalha Tiradentes a João Batista.
O Movimento das Mães e Familiares de Violência Letal no Rio de Janeiro, presenteou o deputado Professor Josemar pelo trabalho do mandato na luta e combate a violencia do povo negro periférico com uma placa em homenagem ao apoio que tem dado ao movimento.
Sobre o MNU – O Movimento Negro Unificado (MNU): é uma das mais importantes organizações do Brasil e foi fundado em 18 de junho de 1978. Atua na denúncia de desigualdades, propõe políticas públicas, fortalece a identidade negra e reafirma seu papel histórico, cultural e social na formação do país. Na luta antirracista avança nas discussões e apresenta pautas relacionadas à educação, comunicação, saúde, habitação, justiça, direito à memória, política e na produção de dados e pesquisas sobre a população negra. Foi um dos atores nos processos de inclusão do item cor/raça no censo do IBGE, o que possibilitou traçar o perfil étnico racial da população brasileira. Tem ação fundamental para a construção de indicadores e formulação de políticas públicas. Participou das discussões e implementação de políticas de ações afirmativas, com destaque à Lei de Cotas em universidades e concursos públicos, assim como na proposição das leis 10639/23 e 11.645/2008, que incluíram nas diretrizes e bases da educação nacional a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” no currículo oficial da rede de ensino.
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